La publication sur Wikileaks de plus de 250 000 documents prouvant la pratique de l'espionnage diplomatique par le gouvernement des États-Unis [en anglais] a au Brésil comme ailleurs causé une certaine fureur, où des dizaines de documents ont placé le ministre de la défense, Nelson Jobim, dans une situation délicate. Natália Viana, du site Opera Mundi, passe en détail [liens en portugais] le nombre de documents diffusés sur le Brésil et annonce qu'il y a encore beaucoup de surprises à venir :
No caso brasileiro, os documentos são riquíssimos. São 2.855 no total, sendo 1.947 da embaixada em Brasília, 12 do Consulado em Recife, 119 no Rio de Janeiro e 777 em São Paulo.
Nas próximas semanas, eles vão mostrar ao público brasileiro histórias pouco conhecidas de negociações do governo por debaixo do pano, informantes que costumam visitar a embaixada norte-americana, propostas de acordo contra vizinhos, o trabalho de lobby na venda dos caças para a Força Aérea Brasileira e de empresas de segurança e petróleo.
Le contenu des documents sur le Brésil est très riche. Il y en a 2855 en tout, dont 1947 de l'ambassade à Brasilia, 12 du consulat à Recife, 119 de celui de Rio de Janeiro et 777 de São Paulo.
Dans les prochaines semaines, ils vont faire connaitre aux Brésilien des histoires peu connues de négociations secrètes, d'informateurs qui ont pour habitude de visiter l'ambassade nord-américaine, de propositions d'accords contre le voisin, de lobbying pour la vente d'avions de chasse à l'armée de l'air brésilienne et pour des sociétés de sécurité et pétrolières.
Les documents, de plus, montrent l'embarras des États-Unis devant les plus hauts représentants de la diplomatie brésilienne, explique Altamiro Borges sur son blog :
No caso brasileiro, conversas confirmam o desconforto dos EUA com a política externa soberana praticada pelo Itamaraty. O ministro Celso Amorim e o ex-secretário-geral Samuel Pinheiro Guimarães são encarados como inimigos do império. Já o ministro da Defesa, Nelson Jobim – que infelizmente a presidente Dilma Rousseff pretende manter no posto – é tratado como um “aliado” dos EUA.
Leandro Fortes, du blog Brasília, eu vi, va encore plus loin, accusant le Ministre Nelson Jobim d'être un informateur des USA (sous le nom de code très populaire X-9, qui signifie “informateur”) :
Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil, foi pego servindo de informante da Embaixada dos Estados Unidos. Isso depois de Lula ter consolidado, à custa de enorme esforço do Itamaraty e da diplomacia brasileira, uma imagem internacional independente e corajosa, justamente em contraponto à política anterior, formalizada no governo FHC, de absoluta subserviência aos interesses dos EUA.
[…]
o ministro da Defesa, Nelson Jobim, costumava almoçar com o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Clifford Sobel para falar mal da diplomacia brasileira e passar informes variados. Para agradar o interlocutor e se mostrar como aliado preferencial dentro do governo Lula, Jobim, ministro de Estado, menosprezava o Itamaraty, apresentado como cidadela antiamericana, e denunciava um colega de governo, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, como militante antiyankee. Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, divulgado pelo Wikileaks, Jobim disse que Guimarães “odeia os EUA” e trabalha para “criar problemas” na relação entre os dois países.
Nelson Jobim, ministre de la Défense du Brésil, a été pris en flagrant délit comme informateur à l'ambassade des États-Unis. Ceci, après que Lula ait consolidé, au prix d'énormes efforts de l'Itamaraty et de la diplomatie brésilienne, une image internationale du Brésil indépendante et courageuse, qui prenait justement à contrepieds la politique antérieure de soumission absolue aux intérêts des USA, mise en place par le gouvernement FHC (Fernando Henrique Cardoso, prédécesseur de Lula).
[…]
Le ministre de la Défense, Nelson Jobim, avait pour habitude de déjeuner avec l'ex-ambassadeur des États-Unis au Brésil, Clifford Sobel, pour dire du mal de la diplomatie brésilienne et donner des informations variées. Pour faire plaisir à son interlocuteur et se montrer comme l'allié incontournable à l'intérieur du gouvernement Lula, Jobim, ministre d'état, méprisait l'Itamaraty, présenté comme une citadelle anti-américaine, et dénonçait un collègue du gouvernement, l'ambassadeur Samuel Pinheiro Guimarães, comme un militant anti yankee. Selon le rapport produit par Clifford Sobel, divulgué par Wikileaks, Jobim dit que Guimarães “hait les USA” et œuvre dans le but de “créer des problèmes” au sein de la relation entre les deux pays.
Sur le site officiel du Ministère de la Défense, Jobim a nié avoir critiqué le vice-ministre des affaires étrangères brésilien, Guimarães, information aussitôt relayée par le compte Twitter officiel du Ministère de la Défense.
De son côté, André Raboni, du blog Acerto de Contas (Règlement de comptes), trouve ridicules les excuses données par Jobim et considère que ses déclarations ne sont qu'une preuve supplémentaire de sa fonction d'informateur de l'ambassade des USA :
É absurdo (pra não dizer outra coisa) um ministro de Estado manter esse tipo de atitude colaborativa com um país que está tentando enfiar uma lei anti-terrorismo goela abaixo dos brasileiros. Uma lei que só interessa aos EUA, diga-se de passagem. Aliás, seria absurdo um ministro agir dessa forma com qualquer outro país, independentemente de serem os Estados Unidos e sua rede internacional de espionagem diplomática.
Danilo Marques, du blog O Inferno de Dandi est ironique lorsqu'il considère que les États Unis sont jaloux des succès brésiliens en terme de relations extérieures :
Nos relatórios percebesse uma crise de ciúmes dos americanos, insatisfeitos com o sucesso brasileiro em suas relações exteriores. Achando que o Brasil está criando asas, a questão do Irã foi uma grande decepção aos que não gostam de dividir os brinquedos. Pois o Ministro Amorim, que defende as cores nacionais, afirmou em Washington que os americanos vão ter que largar de xilique, agora o panorama mundial pede outras relações diplomáticas.
Cristina Rodrigues, de Somos Andando, rappelle d'autres épisodes polémiques dans lesquels Nelson Jobim s'est fourvoyé :
Ele se posicionou contrário ao Programa de Direitos Humanos defendido pela sociedade civil e a criação de uma Comissão da Verdade. Parecia mais um aliado daqueles militares que comandaram o Brasil nos 21 anos entre 1964 e 1985. Foi peça-chave para derrubar Paulo Lacerda da Abin Foram vários, enfim, os constrangimentos.
Luiz Carlos Azenha, du blog Vi o Mundo, rajoute encore que, selon WikiLeaks, Jobim aurait aussi relayé à l'ambassadeur américain l'information (fausse) qu'Evo Morales, président de la Bolivie, aurait “une tumeur coincée dans le nez”.
Au milieu des documents publiés, l'information selon laquelle les USA auraient été mécontents du fait que le Brésil se refuse à mettre en place une loi anti-terroriste sur son territoire a aussi été rendue publique [en anglais]. Cette loi n'est effectivement pas passée, explique Hugo Albuquerque, du blog Descurvo :
A ideia não vingou por pressão, inclusive, de Dilma Rousseff, atual chefe de estado e de governo. O argumento usado por ela é bem simples, como isso poderia ser usado para criminalizar movimentos sociais e, quem sabe, políticos.
Une loi anti-terroriste aurait pour résultat, au Brésil, la criminalisation de mouvements sociaux, tels que le Mouvements des Sans Terres (MST), affirme João Pedro Stédile dans une interview accordée à Opera Mundi :
É evidente que as pressões do governo dos EUA, tentando influenciar governos democráticos e progressistas a aderirem à sua sanha paranóica de terrorismo, visa criminalizar e controlar qualquer movimento de massas que lute por seus direitos e que ocasionalmente representem manifestações contra os interesses das empresas estadunidenses”
Hugo Albuquerque poursuit en critiquant la manière dont les USA et quelques analystes brésiliens traitent le terrorisme, faisant le parallèle avec l'échec de l'idéal du libre-marché des années 90 :
A maneira como é narrada o aparente descaso do governo brasileiro com o “terrorismo” é uma peça antropológica, sem dúvida. Os americanos e os analistas nacionais – mais gringos que os próprios -, na verdade, não entendem como o Governo brasileiro ainda não descobriu o potencial de como controlar os seus, por meio do potencial de subjetivação dos seus cidadãos como “terroristas”, mas a maneira como isso é narrado é deliciosamente cínica, os tecnocratas apontam o governo como “imaturo” do mesmo modo como se fazia com os países que não queriam aderir ao livre-mercadismo nos anos 90: A nossa vontade é tamanha que quem não se dobra a ela, só pode ser um idiota. Uma forma de idealismo perversa, na qual os próprios ideólogos começam a acreditar nas mentiras que repetem – e aí, caríssimos, só o inferno é o limite.
Idelber Avelar, du blog Biscoito Fino, ajoute:
De novidades nesse front, há a participação de um especialista brasileiro, André Luis Woloszyn, como uma espécie de “consultor” para os estadunidenses interessados em adequar a legislação alheia a seus interesses: “é impossível”, disse ele, “fazer uma lei antiterrorismo que não inclua o MST”. O caso me parece gravíssimo.
Pour finir, Altamiro Borges donne sa vision de l'importance des données publiées et de Wikileaks:
A vasta documentação tornada pública, num serviço inestimável da ONG Wikileaks, confirma que a luta contra a agressão imperialista é a principal batalha dos povos na atualidade para superar a opressão e a exploração.